WAVE 1733

É com muito prazer que anunciamos Wave, a primeira exposição individual de Keke Vilabelda na galeria.

ABERTURA : 26.01.2023 / 19 – 22 H
DURAÇÃO : 26.01 – 18.03.2023




Sérgio Fazenda Rodrigues

Wave


Na sua primeira exposição individual na Galeria NO·NO, Keke Vilabelda apresenta um conjunto de obras que incitam o desvio de percepção, trabalham uma ideia de ilusão e especulam sobre a natureza da pintura.

As imagens que o artista nos apresenta gravitam entre o que aparenta ser um registo fotográfico, quando visto à distância e um conjunto de acções que, na proximidade, se focam no desenvolvimento processual do trabalho. Revelando um pensamento e uma engrenagem que operam sobre as convenções da pintura, Vilabelda aplica a tinta no verso do acrílico e apresenta-nos a outra face, colocando-nos por dentro de um sistema de composição que funciona por estratos ou camadas, da superfície para o fundo, e do fundo para a superfície. Invertendo o reconhecimento imediato da figura, as imagens surgem com a leitura de um primeiro nível, onde, subtilmente, os pingos da tinta denunciam a natureza do medium. De igual modo, Vilabelda revela-nos a deslocação da mão, ou a natureza do gesto, o lastro da tinta, ou a amplitude do movimento, e as variações de intensidade, ou a sua densificação tonal, que se posicionam numa segunda camada.

Quando ganhamos afastamento a imagem sugere a forma de um ou mais edifícios, numa aparente cidade, em ambiência noturna, mas a ambiguidade que esta detém aproxima-nos, também, à figura de uma cortina que barra o olhar. Na dualidade entre algo que nos absorve e algo em que podemos tocar, entre a escala do edifício e a escala da mão, o que existe do outro lado está sempre inacessível, colocando-nos num lugar de isolamento, reforçado por um olhar encenado que se dirige de baixo para cima.

Na verdade, se as figuras que a imagem sugere ensaiam uma estratificação vertical, reconhecida planimetricamente nos ritmos de preto e branco, e na deturpação da perspectiva, a lógica da pintura equaciona uma sequência horizontal, que prometendo uma existência entre o fundo e a superfície, trabalha uma ideia de profundidade. Assim, se no primeiro caso o olhar percorre a face, no segundo ele atravessa e escrutina a constituição da obra.

Gravitando entre algo que celebra o resultado e o processo, a figuração e a abstração, Keke Vilabelda opera sobre a natureza do olhar. Perturbando a clareza da imagem para descortinar a natureza da pintura, a sua acção convoca uma performatividade no observador. Este, entre a distância e a aproximação, oscila entre a percepção retiniana e a compreensão corpórea. Assim, se no dizer de Pallasmaa[1] “The hegemonic eye seeks domination over all fields of cultural production (...)”, Vilabelda equaciona uma experiência perceptiva que actua como um todo, para agir, provocatoriamente, em sentido contrário.

[1] Pallasmaa, Juhani “The Eyes of the Skin – Architecture and the Senses”, Academy Editions, London, 1996, pg.13


NIGHT LIGHTS
Keke Vilabelda
26.01 – 18.13.2023
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Texto : Sérgio Fazenda Rodrigues
Fotografia de exposição : Bruno Lopes 
Video de exposição : João Silva 

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