É com grande prazer que anunciamos "Máscara de três bicos", a segunda individual de Carlos Arteiro na galeria

ABERTURA :
3ª feira, 06 de Junho, 19 – 22 H

DURAÇÃO :
06.06 – 27.07.2023

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Carlos Arteiro (n. 1992) propõe um conjunto de obras em que pode ser revisitada uma arqueologia imagética, sob diversos aspectos e problemáticas. Uma das figuras de destaque é o touro. Se estabeleceremos uma narrativa na cultura e arte ocidentais, o touro foi dos primeiros animais representados na pintura rupestre, na verdade, assinalando o começo da arte figurativa, que só o modernismo e a invenção do dispositivo fotográfico iriam interromper, dando início à arte moderna e à sua primeira grande questão: a abstracção.

Ao continuamos um percurso pela cultura ocidental, voltamos a encontrar o touro associado às metaforfoses de Zeus, isto é, quando Zeus se transforma, neste caso, num belo touro branco com o objectivo de seduzir Europa, filha do rei fenício, raptando-a e levando-a consigo para a ilha de Creta. Aliás, o “Rapto da Europa” é um tema diversas vezes retomado na história da arte ocidental. Em Creta, Europa tem três filhos com Zeus: Minos, Radamanto e Sarpedão. Um dos fihos, Minos, casar-se-ia com Pasífae, que acabaria por se apaixonar por um outro belo touro branco que veio do mar. Desta relação nasceria o Minotauro, célebre criatura mostruosa, metade humana e metade touro, devoradora de seres humanos e para quem Minos mandou executar o famoso labirinto no Palácio de Cnossos. As narrativas que envolvem touros vão pontuando a cultura ocidental. A uni-las encontramos uma mistura de racionalidade com força bruta e animal, como potencias definidoras, na verdade, do próprio ser humano e da sua condição.

Este ideia de racionalidade, por oposição à espontaneidade, faz-nos reflectir sobre um outro aspecto também presente nesta mostra. Trata-se da evocação da commedia dell'arte, enquanto comédia popular italiana na qual, através de máscaras, os actores expandiam a sua criatividade e capacidade de satirização e de divertimento, sobretudo através do improviso ou da dança, aliás, por isso era também conhecida como commedia alla maschera ou commedia improvviso. As personagens representam tipos sociais, que genericamente definem a vida em comunidade, como, entre outras, o Dottore, o Pulcinella, a Colombina, o Arlecchino ou o Pantalone. De algum modo, é sobre uma certa humanidade, particularmente visível em alguns contextos históricos e culturais, que esta exposição reflecte. Talvez, apesar da nossa singularidade, não sejamos, afinal, tão diferentes uns dos outros.

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MÁSCARA DE TRÊS BICOS

Carlos Arteiro
06.06 – 27.08.2023
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Texto : Isabel Nogueira
Fotografia de exposição : Bruno Lopes 
Video : João Silva